A temível "Mala Branca"

Os anos 30 foram turbulentos para o futebol brasileiro. Época em que o amadorismo, que dominava o esporte, conflitava com os interesses de algumas ligas em segurar atletas importantes que já eram seduzidos pela oportunidade de jogar por clubes do velho continente, onde já era praticado o profissionalismo no futebol desde 1924. Além das ligas, os próprios atletas estavam descontentes com o fato de não poderem receber pela suas "atividades amadoras". Só através da profissionalização seria possível manter uma liga forte, além de conseguir que os atletas treinassem em tempo integral e se dedicassem única e exclusivamente ao esporte. Esta briga pelo fim do amadorismo causou rachas nas associações esportivas estaduais, que culminaram, em 1933, com a desfiliação das associações paulista e carioca da CBD(Confederação Brasileira de Desportos, atual CBF), que era defensora ferrenha do amadorismo, e a criação da FBF(Federação Brasileira de Futebol). Esta última, por defender o profissionalismo, ganhou apoio imediato da FIFA, recebendo o direito de representar o Brasil em competições internacionais. Em 1934, a briga feroz entre a CBD e a FBF, culminou com o fracasso da seleção brasileira na copa de 1934, com uma equipe montada exclusivamente com amadores. Em 1937, a CDB desiste de brigar contra o profissionalismo e aceita apoiá-lo, em troca de manter o seu poder sobre o futebol nacional.

Assim sendo, há 71 o futebol é uma atividade profissional, onde o atleta é devidamente pago para se apresentar e fazer o seu trabalho. Por causa de tudo isso, o conceito de "mala", seja ela branca, preta, azul ou amarela, é inadimissível! Um profissional recebe para fazer o seu trabalho, e deve realizá-lo com maestria, ou com a sua capacidade máxima. Receber um bônus, para fazer algo que é sua obrigação como empregado do clube é ridículo! Eu sou profissional, e jamais alguém cogitaria a hipótese de me dar uma "mala branca" para um projeto que realizo sair melhor que o meu concorrente! Isto é minha obrigação.

Resumindo: há 71 anos somos enganados. O futebol nunca se tornou profissional.