Domingo tivemos a despedida de Edmundo dos campos de futebol. E esta despedida não poderia ser mais amarga. Com a derrota de 2 x 0 para o Vitória, o Vasco da Gama vai disputar a série B do Brasileiro pela primeira vez em sua história. E justamente 10 anos após o clube proporcionar a maior alegria para sua torcida, a título da Libertadores. O clube que teve craques como Leônidas da Silva, Domingos da Guia e Vavá, vive hoje um pesadelo, mas ninguém pode se dizer surpreso com a situação. A queda do Vasco já vem sendo anunciado há tempos. Anos seguidos de fracassos, se salvando do rebaixamento apenas nas rodadas finais. O que aconteceu neste domingo foi o capítulo final da agonia de um clube que vem apresentando deficiências em todos setores, dentro e fora de campo.
Fundado em 21 de agosto de 1898, por quatro jovens remadores que estavam cansados de ter que ir até Niterói para poderem praticar o remo, o Club de Regatas Vasco da Gama só tem seu primeiro time de futebol em 1915, quando se funda com o Lusitânia Futebol Clube. Em 1923 passa a disputar a primeira divisão do campeonato carioca, já conseguindo o título logo na estréia. Porém, os outros clubes alegam que os atletas do Vasco têm profissão duvidosa(os negros e operários) e querem que o Vasco retire 12 atletas da competição. Esta briga causa a criação de um campeonato paralelo ao carioca de 1924, sem a participação do Vasco. No ano seguinte, porém, os clubes voltam atrás e reintegram o Vasco à elite do futebol carioca. Em 1927 o Vasco inaugura o estádio Vasco da Gama, também chamado de São Januário, que em 1929 recebe instalação da iluminação. Na época, era o único estádio com condições sediar jogos noturnos.
Os anos 30 e 40 foram muito bons para o time, que conquistou 5 Campeonatos Cariocas e 7 taças do Torneio Início. Em 1950, o time também conquista o Carioca, porém, vê a seleção Brasileira perder a Copa do Mundo em casa, em pleno Maracanã, para o Uruguai. A seleção possuía 5 titulares que eram jogadores do Vasco, inclusive o goleiro Barbosa, que foi acusado de falhar no primeiro gol uruguaio. Em 1958 o time conquista o torneio Rio-São Paulo. Após este título, o clube entra numa profunda crise, que se estende até 1969. Mesmo assim, em 1966, o clube ainda conquista o título do Rio-São Paulo de 1966, que terminou de forma estranha: quatro times dividiram o título. Devido aos preparativos da seleção brasileira para a Copa de 66, vários jogadores, um total de 44, foram convocados para treinar. Os clubes classificados para o quadrangular final se recusaram a jogar com suas equipes reservas. Desta forma, Botafogo, Corinthians, Santos e o Vasco foram considerados campeões.
Os anos 70 trouxeram a recuperação do Vasco e o surgimento de um novo ídolo: Roberto Dinamite. Nesta época o time conquista em 1974 seu primeiro grande título: O recém criado Campeonato Brasileiro. Em 1989, com destaque para a atuação de Bebeto, em 1997 o Vasco se torna bicampeão brasileiro, derrotando o São Paulo, em pleno Morumbi por 0 x 1, gol de Sorato. Em 1993, vem a despedida de Roberto Dinamite dos gramados. Porém, nesta época o Vasco passava por um processo de renovação e ascenção de vários jogadores como Edmundo, Felipe, Pedrinho e Juninho Pernanbucano. Estes talentos ajudaram o Vasco a se tornar tricampeão brasileiro em 1997.
Com o título, o Vasco se classifica para a disputa da Libertadores no ano de seu centenário. Em justamente em 1998 o torcedor vê o clube conquistar o título mais importante de sua história: eliminando o poderoso River Plate na semifinal, e vencendo o Barcelona de Guayaquil na final, o Vasco se sagra campeão da Libertadores de 98. Porém, a alegria deste importante título no ano do centenário ficou manchada pela derrota para o Real Madrid, e a perda do Mundial Interclubes.
O vasco ainda foi tetracampeão brasileiro em 2000. Depois deste título, o Vasco mergulhou em período de muito sofrimento para seu torcedor, quebrado apenas pelo título do Carioca de 2003, última conquista do clube. Desde então, problemas financeiros, instabilidade política e má gestão, levaram o Vasco a ficar conhecido como eterno vice, pelo excessivo número de segundos lugares que a equipe conquistou nesse período. A crise culminou com a saída de Eurico de Miranda em junho deste ano, após intensa batalha judicial para a marcação das eleições, que terminaram com a vitória de Roberto Dinamite. O clima de instabilidade criado pela troca no poder se refletiu em todos os setores do clube, que, carente de jogadores em várias posições e, principalmente, de técnico, não resistiu ao equilíbrio do Campeonato Brasileiro deste ano.
Ao torcedor do Vasco resta a esperança de que seja realizado um trabalho de reconstrução de elenco, de clube e um planejamento correto para a próxima temporada. O Vasco não pode nem pensar em não conseguir o acesso para a primeira divisão no ano que vem. Isso acabaria de vez com a sua torcida e com o próprio Dinamite.
E, por conta de tudo isso, o adeus do ídolo Edmundo, foi muito mais triste do que ele podia imaginar. A verdade é terrível: o Vasco mereceu cair. Resta saber se, ano que vem, vai merecer subir.
Hello world!
Há um ano
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